quinta-feira, 26 de julho de 2012


TIA LENA

Sabes…
Muitas vezes penso em ti,
Corre-me uma lágrima,
Ou duas…
Mas não fiques triste,
São saudades.
Nestes meus momentos
O sono vai raro,
A noite está tranquila,
O mar está calmo,
E neste silêncio,
Ouço as tuas gargalhadas,
Provavelmente nunca te disse,
Mas sempre gostei de ver e ouvir-te rir,
Preenchias o nosso mundo…
Chega mais um dia,
Dia que todos ansiámos,
E tu também anseias.
Sabes que não vai ser fácil,
Eras o nosso pilar,
Vou tentar suster a lágrima,
Mas quando meus olhos
Pousarem nos que mais amas,
Sei que vou sentir
Uma dor imensa no peito.
Vou sorrir para os teus,
Aos olhos de azeitona,
Uma das caras mais belas do nosso jardim,
Ao “caçador” de insectos,
A viola! Que espero ouvir tocar
Seja ao som de Grândola Vila Morena, Gracias a La Vida,
Aleluia, Perdidamente, Companheiro….
Não importa qual seja,
Que seja a tua para nós,
O abraço vai ser apertado e doloroso,
Como as dentadas de criança,
Mas com muito carinho e saudade,
Dianinha não irei ouvir da voz de quem te ama,
Porque sinto o silêncio na sua garganta,
Será um calado e terno abraço,
O rosto que nunca te largou,
Vou tentar alegrar…
Como te ama a quem chamas-te filha.
Não sei o que vai no pensamento do nosso clã,
Mas posso adivinhar…
Não fiques triste,
Se por entre os cantos de Leiria ouvires soluçar,
Alegra-te, porque é uma forma de te abraçar…

Diana Barbosa, 22/07/2012….3h30m



Clã Mota Barbosa

Trago no peito a saudade,
De tempos na minha aldeia,
Passagens de ano de tanta brincadeira.
A estrada era o campo de futebol,
Bola para aqui bola para ali,
Um grito aflitivo dos pais,
Cuidado meninos, olhem os carros!
Os tios jogavam à malha,
As primas mais velhas tinham conversas de namoricos,
Inventavam fugas às escondidas.
A casa da Senhora palco de esconderijos e cigarradas.
A grafonola do tio Tólis, o cavaquinho…saudade!
E o cheirinho que vinha do Forno?!
Hummmm
Muito bem confecionado pela avó Isaura
Que passava a noite quase em claro,
Tamanha era a algazarra de noite,
Almofadas e travesseiros voavam,
Entre gargalhadas e conversas…
Lá vinha o anho para a mesa com arroz amarelo,
Lá estava o tio Fernando sentado à mesa,
Sempre a postos para as primeiras garfadas de arroz.
Nunca mais comi anho com o sabor da avó.
E a sopa recheada de couves e feijão vermelho?
Uma altura sentada com o meu primo Miguel
Na escadaria da casa,
Ouviam-se vozes reclamar que “rapinaram “muitas couves,
As duas pestinhas riam-se nas escadas,
Cada uma com uma enorme malga cheia de couves e feijão,
Ahahahahhah 
Os “ladrões”…
E o Citroen dois cavalos do tio Carlos!
Lá ia a primalhada dar uma volta,
Todos contentes e felizes,
Curva contra curva com os cabelos ao vento,
Um tio sempre presente nas nossas brincadeiras.
A caça ao tesouro!
O tio Jaime, meu pai, era raro estar presente,
Mas num desses dias do ano compareceu,
guardou dinheiro numa caixa
e bora lá encontrar o tesouro…
Gostava também de nos levar ao café
e os chocolates depressa derretiam na boca…
As discussões sobre política, religião ou outro assunto,
Como eu gostava de apreciar aqueles debates entre tios,
Cada um falava mais alto do que o outro,
Mas acabava tudo bem, obviamente…
Tantas, tantas histórias haveria para contar.
O bom de tudo isto é que continuamos a estar juntos,
Todos os anos nos reunimos.
A família cresceu, somos mais ou menos setenta.
As brincadeiras continuam
A pequenada e juventude se divertem,
E também eles anseiam por este dia.
É bom ter esta família…
Fica uma grande saudade da nossa querida tia Lena
O pilar de todos nós…
Mas por todos e por ela estaremos juntos
Sei que esteja onde estiver, estará muito feliz,
Assim como o tio Juca sempre esteve.
Por nos ver juntos.
Primo Chico fica melhor rapidamente
Estamos contigo 

Diana Barbosa 20/07/2012




MORIBUNDO

Sinto o corpo gélido,
A cada dia que nasce,
Já não sou o que fui outrora,
Cada sítio não tem sabor,
Sou guiada pelo vento,
Sem Norte, sem caminho,
Sou eu e o silêncio,
Cada vez mais comigo,
Sem calor, sem brilho,
Olhar que se apaga,
Lentamente…
Tão lentamente…
Já não sou quem fui outrora.

Diana Barbosa, 20/07/2012



sábado, 21 de julho de 2012


CIGARRO

Por fraqueza fui ao teu encontro,
Não queria!
Novamente este fardo,
És verdadeiro,
Único e amigo,
Não te deveria definir assim,
Mas mentiria se dissesse
Que não és um calmante,
Veneno que mata aos poucos,
Mas me consola a dor,
Um dia terei que partir,
Pouco importa quando,
Não tem importância,
No entanto,
Sei que tenho que te abandonar,
Novamente vou padecer,
De por perto te não ter,
Estás entre os meus lábios
E os meus dedos,
Fumegas ao vento,
Que leva o meu pensamento,
Poderia voar contigo,
E terminar no infinito
Azul do céu.

Diana Barbosa, 21/07/2012



domingo, 15 de julho de 2012


VULTOS

Se me encontro
Quero perder-me.
Se me perco
Quero encontrar-me.
Sei o que quero,
ou não quero?!
Se procuro
Não encontro.
Se encontro,
Não sei se quero.
Entre tanto que penso e quero,
Fica a vontade
De querer e não ter.
De procurar e não encontrar.
Se penso em esquecer,
Esqueço de pensar
Em não querer…
Porque quero…

Diana Barbosa, 15/07/2012